por Caroline Randmer design Laura Salaberry ilustrações Bruno Algarve
Quem pensa que sua função mais importante é a fala está enganado.Ela revela mais do que imaginamos, delatando desde problemas respiratórios até infarto no miocárdio.Basta prestar atenção nos seus sinaisVeio da medicina tradicional chinesa a ideia de analisar a aparência da
língua para desvendar eventuais problemas no corpo humano. Praticantes dessa abordagem terapêutica de 1600 a.C. acreditam que sua
textura, seu formato e sua cor são capazes de dedurar desequilíbrios e
dar pistas sobre o estado físico do indivíduo.Apesar de essa crença ter se deparado com certo ceticismo ocidental ao
longo dos séculos, ela vem ganhando força em várias correntes"Esse órgão muscular sinaliza qualquer alteração do corpo", afirma Ana
Kolbe, presidente da Associação Brasileira de Estudos e Pesquisas dos
Odores da Boca, em Salvador, na Bahia.Cientistas da Universidade de Tecnologia da Malásia também apostam nisso
e iniciaram um projeto que deve durar pelo menos três anos. Eles querem
provar que o exame de observação língual deve ser incorporado ao dia a
dia de médicos e dentistas. Com o auxílio de leituras digitais, os
estudiosos desenvolvem um chip para processar imagens capturadas na boca
e aperfeiçoar o diagnóstico.
Esse tipo de investigação é
possível porque as mucosas do nosso organismo são as primeiras a sofrer
alterações quando ele está em apuros. Daí que até o estado nutricional
se reflete na língua: "Os tecidos da boca se renovam constantemente. Por
isso, a formação de novas células depende de uma série de nutrientes,
como as vitaminas", explica o gastroenterologista Jaime Zaladek Gil, do
Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo. Ela, portanto, acusa
as eventuais carências.
A aparência da mucosa, em si, é a
primeira a ficar diferente quando algo não vai tão bem. Isso porque
nosso corpo mantém um estoque de substâncias importantes, como certos
nutrientes. Se essas reservas ficam no limite, logo surgem tonalidades
estranhas, por exemplo. Um problema bastante comum é a língua ficar mais
avermelhada do que o normal e perder sua aspereza característica. "Isso
acontece quando há falta de vitaminas do complexo B e ferro",
exemplifica Débora Dourado, gastroenterologista do Hospital e
Maternidade São Luiz, em São Paulo.
Doenças mais graves, por sua
vez, fazem mais do que alterar a língua em si. Elas tendem a afetar o
fluxo salivar. "A saliva é formada por uma parte líquida e uma sólida.
Quando alguém adoece, a tendência é o problema diminuir a produção só da
primeira parte", explica Ana Kolbe. Então, os resíduos sólidos, capazes
de entregar a disfunção, formam um revestimento mais aderente e espesso
que, conforme a cor — amarelada, branca, com pontos negros, entre
outros tons —, irá levantar suspeita do mal que está à espreita (e você
pode conferir alguns exemplos nas ilustrações à esquerda e abaixo).
Portanto, já sabe: mostre a língua. Outra função primordial Nas papilas gustativas, há sensores que distinguem cada sabor. Eles enviam mensagens ao cérebro, que reconhece as sensações:
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